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Tartarugas Marinhas de Cabo Verde
Uma área de foco do Projeto Biodiversidade
O Programa de Conservação das Tartarugas Marinhas foi o ponto de partida da ONG. Desde então, monitoramos e protegemos a população de tartarugas marinhas da Ilha do Sal, por meio de esforços científicos e inovadores, impulsionados pela comunidade.
Tartarugas Marinhas em Cabo Verde
As tartarugas marinhas vagam pela Terra há mais de 150 milhões de anos. Durante esse período, sete espécies diferentes evoluíram separadamente e se tornaram o que conhecemos hoje como tartarugas marinhas. Elas desempenharam, e ainda desempenham, um papel importante em nossos oceanos, mantendo diferentes ecossistemas marinhos saudáveis e em equilíbrio. No entanto, nos últimos 100 anos, as tartarugas marinhas têm enfrentado diferentes ameaças antropogênicas que estão colocando sua sobrevivência em risco. A Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza) inclui 6 das 7 espécies de tartarugas marinhas. O status da outra espécie, a tartaruga-de-costas-chatas, é desconhecido.
Uma espécie ameaçada
Ao longo dos últimos séculos, as tartarugas marinhas têm enfrentado crescentes ameaças humanas. Hoje, 6 das 7 espécies estão listadas como ameaçadas na Lista Vermelha da IUCN. O status da sétima espécie, a tartaruga-de-dorso-chato, permanece desconhecido.
Tartaruga-cabeçuda
Nome científico: Caretta caretta
Tamanho da carapaça: 62-100 cm (SCL)
Dieta: Omnívoros
Facto engraçado: O seu nome deve-se à sua grande cabeça que ajuda a esmagar moluscos
Tartaruga-oliva
Nome científico: Lepidochelys olivacea
Tamanho da carapaça: 60-72 cm (SCL)
Dieta: Omnívoros
Curiosidade: Eventos de nidificação em massa sincronizados em alguns locais (Arribada)
Tartaruga-de-couro
Nome científico: Dermochelys coriacea
Tamanho da carapaça: 120-180 cm (SCL)
Dieta: Medusas
Facto engraçado: A maior tartaruga marinha do mundo alimenta-se apenas de medusas
Tartaruga-de-pente
Nome científico: Eretmochelys imbricata
Tamanho da carapaça: 53-114 cm (SCL)
Dieta: Esponjas
Curiosidade: Alimentam-se de esponjas que são mortais para a maioria das espécies
Tartaruga verde
Nome científico: Chelonia mydas
Tamanho da carapaça: 81-124 cm (SCL)Dieta: Omnívoro a herbívoro
Curiosidade: Os juvenis alimentam-se nos recifes à volta das ilhas de Cabo Verde
Cabo Verde é o principal local de nidificação de tartarugas-cabeçudas no Atlântico leste — provavelmente o maior do mundo!
Este mapa mostra a distribuição das tartarugas marinhas cabeçudas ao redor do mundo, observando que o número anual de fêmeas nidificando na Ilha do Sal é maior do que toda a população do Mediterrâneo.
Apesar de o status global das tartarugas-cabeçudas ter sido rebaixado de ameaçada para vulnerável em 2015, a subpopulação do Atlântico Nordeste (Cabo Verde) permaneceu em perigo . Em 2011, o Grupo de Especialistas em Tartarugas Marinhas da IUCN listou essa subpopulação como uma das onze populações de tartarugas marinhas mais ameaçadas do mundo. Dada a alta filopatria das tartarugas marinhas fêmeas (fidelidade ao seu local de reprodução) e a dispersão extremamente lenta para diferentes locais de nidificação, Cabo Verde é essencial para a reprodução das tartarugas-cabeçudas.
Você pode ler mais sobre as tartarugas cabeçudas de Cabo Verde em um relatório SWOT (O Estado das Tartarugas Marinhas do Mundo) Cabo Verde: Tartarugas Marinhas “Em Abundância ”.
Uma tartaruga cabeçuda adulta média em Cabo Verde
80 cm aproximadamente
90-100 kg.
82 ovos
45-50 anos aproximadamente
O Consumo de Tartarugas Marinhas em Cabo Verde
Em Cabo Verde, o consumo de carne de tartaruga marinha é uma tradição de longa data, assim como o consumo de ovos em algumas ilhas e a caça de machos para fins afrodisíacos. Em 1987, a caça de tartarugas marinhas foi proibida durante a época de nidificação em Cabo Verde; em 2002, foi proibida durante todo o ano; e em 2005, a posse, a caça, o consumo e a exploração de tartarugas marinhas e seus ovos passaram a ser explicitamente proibidos por lei.
Em 2018, o Governo, com o apoio de todos os grupos políticos, aprovou uma nova lei, o Regime Especial de Proteção e Conservação das Tartarugas Marinhas, que criminaliza todas as atividades ilegais e estabelece as bases para a conservação das tartarugas marinhas em Cabo Verde. Mais recentemente, em 2024, o Governo aprovou o regulamento especial para a realização de excursões de observação de tartarugas marinhas, estabelecendo as bases para a exploração turística sustentável das tartarugas nidificantes. Apesar das regulamentações governamentais, a matança de tartarugas marinhas adultas continua a ser um problema observado em todo o país.
A vida de uma tartaruga marinha
As tartarugas marinhas têm um ciclo de vida longo e complexo. Elas só atingem a maturidade após 20 a 25 anos; quando isso acontece, reproduzem-se apenas a cada 2 ou 3 anos, até atingirem cerca de 45 a 50 anos . Durante os estágios iniciais, elas são muito vulneráveis.
Os ovos são depositados sob a areia e expostos a muitas ameaças naturais e antropogênicas. Não há cuidados maternos, o que significa que as tartarugas recém-nascidas (ou filhotes) começarão sua jornada de vida sozinhas. Filhotes e tartarugas jovens enfrentarão predação e outras ameaças; até mesmo tartarugas adultas lutarão contra a caça ilegal e a poluição marinha. No final, estima-se que apenas 1 em cada 1.000 filhotes se tornem adultos.
Habilidades de navegação notáveis
Provavelmente, uma das coisas mais incríveis sobre as tartarugas marinhas é a sua capacidade de encontrar o caminho de volta depois de passar 20 anos no oceano. Acredita-se que elas consigam seguir os campos magnéticos da Terra para encontrar o mesmo local onde eclodiram, embora outros mecanismos também possam ajudar. Elas também podem se deslocar para novos locais próximos, sempre procurando locais tranquilos com boas condições para nidificar.
Como a temperatura determina o sexo das tartarugas marinhas
As tartarugas marinhas não possuem cromossomos sexuais como os mamíferos. Em vez disso, seu sexo é determinado pela temperatura de incubação dos ovos, algo chamado TDS (Sexo Determinado pela Temperatura). Ninhos incubados em temperaturas mais baixas podem produzir mais machos, enquanto temperaturas mais altas aumentam o número de fêmeas. Embora a temperatura de referência varie entre as populações, 29 °C marca a média de uma temperatura de incubação equilibrada. Nossa equipe, em conjunto com o Laboratório Eizaguirre da Queen May University de Londres , tem pesquisado os potenciais mecanismos de adaptação das tartarugas marinhas às mudanças climáticas, preenchendo essa lacuna crucial de conhecimento que determinará os próximos passos para a conservação das tartarugas marinhas.
A importância das tartarugas marinhas
Como toda a megafauna, as tartarugas marinhas mantêm seu habitat natural saudável, intervindo em diferentes etapas da cadeia alimentar. No entanto, o desaparecimento de tartarugas marinhas e outras espécies-chave dos nossos oceanos perturba o equilíbrio dos ecossistemas marinhos.
Isso, em última análise, tem um enorme impacto social e econômico sobre os seres humanos.
Recifes de Coral
Algumas espécies de tartarugas marinhas se alimentam de esponjas (tartarugas-de-pente) e algas (verdes) que competem com os corais por espaço e os sufocam. Manter seus números sob controle permite que os corais cresçam e se expandam. Lembre-se de que os recifes de corais são um dos ecossistemas mais importantes da Terra!
Bancos de ervas marinhas
As tartarugas-verdes são as jardineiras dos oceanos. Elas se alimentam de ervas marinhas, mantendo-as saudáveis, assim como fazemos com cortadores de grama. Os bancos de ervas marinhas são berçários para muitas espécies de peixes, oferecendo-lhes abrigo contra predadores. Elas também impedem a erosão causada por tempestades em fundos marinhos rasos.
Reciclagem de Nutrientes
As tartarugas cabeçudas possuem mandíbulas poderosas, capazes de esmagar conchas. Através dos pequenos pedaços de conchas e de suas fezes, as tartarugas marinhas aumentam a taxa de reciclagem de nutrientes nos ecossistemas bentônicos e do fundo do oceano.
Fonte de alimento
Os filhotes fazem parte da dieta de diversos animais, como peixes, caranguejos, tubarões, aves marinhas e até mesmo outros mamíferos terrestres. Lembre-se: apenas 1 em cada 1.000 filhotes de tartaruga sobreviverá!
Mantendo o equilíbrio
As tartarugas-de-couro são um dos poucos predadores de águas-vivas, que se alimentam de larvas de peixes. A ausência delas aumentará a proliferação de águas-vivas, o que pode reduzir certas populações de peixes, alguns deles de interesse comercial.
Um impacto além dos ecossistemas marinhos
As tartarugas marinhas são, portanto, muito importantes para diferentes ecossistemas, e muitas outras espécies dependem delas. Outro aspecto importante das tartarugas marinhas é que elas podem ajudar a prevenir alguns impactos das mudanças climáticas em comunidades costeiras. Ter sistemas de dunas e recifes de corais fortes e saudáveis evitará que as áreas costeiras sejam inundadas devido à elevação do nível do mar e ao aumento de eventos climáticos extremos, como furacões.
Numa perspetiva mais ampla, veremos que todos os papéis que as tartarugas marinhas desempenham no ecossistema marinho têm algum benefício direto ou indireto para os humanos. No entanto, também exercem um importante impacto socioeconómico nas comunidades costeiras onde nidificam. Através do ecoturismo, da conservação e da investigação, centenas de cabo-verdianos são empregados todos os anos.
Em 2016, a rede de conservação das tartarugas marinhas de Cabo Verde, TAOLA, liderada pelo Projeto Biodiversidade, elaborou um estudo sobre o impacto socioeconômico das tartarugas marinhas em Cabo Verde. Em 2016, foram gerados quase 900.000 euros por meio de excursões de "observação de tartarugas" e da contratação de funcionários de todas as ONGs que atuam no campo em Cabo Verde. Atualmente, espera-se que esse número tenha aumentado consideravelmente.
O que está ameaçando as tartarugas marinhas?
Infelizmente, os humanos são responsáveis por 99% das extinções de espécies no mundo. Estudos recentes constataram que a taxa de extinção atual é entre 1.000 e 10.000 vezes maior do que a taxa de extinção "normal" (taxa de fundo). Enquanto antes, apenas 0,1 espécie em cada milhão era extinta anualmente, agora esse número é de pelo menos 100 em cada milhão de espécies.
Com as tartarugas marinhas, a situação é muito diferente; ameaças antropogênicas ou de origem humana são as principais causas da diminuição de suas populações. Em Cabo Verde, assim como em muitos outros lugares do mundo onde as tartarugas nidificam, podemos listar essas ameaças da seguinte forma:
Práticas de Conservação
Até recentemente, pouco se sabia sobre a saúde e o estado de conservação das tartarugas-cabeçudas do Sal. Como espécie-chave, as tartarugas marinhas podem ajudar a reunir informações importantes sobre a saúde do ecossistema e do ambiente circundantes. Com parceiros locais e internacionais, conseguimos ampliar nosso conhecimento sobre essa espécie e implementar práticas de conservação com a comunidade.
patrulhas de praia
Patrulhas noturnas a pé para prevenir a caça furtiva nas praias de nidificação, tanto pelo nosso pessoal como em colaboração com as associações militares e comunitárias;
As patrulhas noturnas com drones nas praias de nidificação cobrem mais áreas e permitem a proteção de praias menos acessíveis para impedir a caça ilegal e a presença de cães vadios;
Patrulha semanal em todas as praias para monitorar a atividade de nidificação e caça ilegal em toda a ilha.
Pesquisa científica
Coleta de dados biométricos para pesquisar tendências populacionais;
Utilização de microchips e GPSs em tartarugas nidificantes para coletar dados de recorrência quando elas retornam ao ninho;
Recolha de amostras biológicas para estudar a distribuição genética das tartarugas-cabeçudas em Cabo Verde – liderada pela Queen Mary University of London ;
Registro das temperaturas da areia e do ninho ao longo da estação para estudar as implicações das mudanças climáticas na população de tartarugas-cabeçudas;
Estudos sobre os impactos da poluição luminosa na dispersão de filhotes e como minimizá-la
Ferramentas de mitigação - incubatórios
Realocação de ninhos ameaçados para locais mais seguros na praia e para criadouros, onde não sejam afetados pela poluição luminosa;
Monitoramento do sucesso da eclosão em incubatórios para entender e melhorar as técnicas de realocação;
Promoção de palestras nos viveiros com visitantes para promover a conservação ambiental.
Restauração de habitat
Recuperação de dunas em áreas protegidas para melhorar a qualidade ambiental nas praias de nidificação, reduzindo os impactos da poluição luminosa;
Limpeza de praias e áreas subaquáticas para garantir praias mais limpas para a nidificação de tartarugas-cabeçudas;
Parcerias com empresas de turismo para implementar abordagens favoráveis às tartarugas, como redução de iluminação para reduzir a poluição luminosa na orla da praia.
Parcerias de extensão e comunidade
Promoção da educação ambiental em escolas e centros comunitários;
Treinamento de operadores turísticos para conduzir passeios amigáveis às tartarugas
Estabelecer parcerias com associações comunitárias como a Guardians of the Sea para minimizar a captura acidental de tartarugas, patrulhas voluntárias de praia e muito mais
Conservação de Tartarugas para Voluntários
Junte-se ao Projeto Biodiversidade para uma oportunidade incrível de visitar Cabo Verde, onde você pode ajudar nossa equipe a proteger e preservar as tartarugas-cabeçudas, criticamente ameaçadas de extinção, enquanto nidificam. Esta oportunidade única permite que você trabalhe em estreita colaboração com guardas florestais locais dedicados e outros voluntários para proteger essas magníficas criaturas em um esforço vital de conservação.
Como parte de um pequeno grupo focado, você terá a oportunidade de testemunhar a nidificação de populações de tartarugas fêmeas nas diferentes praias do Sal. Essas tartarugas fêmeas são cruciais para a sobrevivência da espécie, enfrentando inúmeras ameaças em Cabo Verde que você pode nos ajudar a mitigar.
Nossos biólogos de campo especialistas fornecerão a você conhecimento inestimável sobre conservação e insights sobre a diversificada vida selvagem marinha e terrestre de Cabo Verde.
Embora muitos turistas visitem nosso arquipélago todos os anos, poucos se envolvem com o destino de forma mais profunda. Se você planeja viajar este ano, recomendamos que considere esta importante oportunidade de voluntariado para impactar significativamente a conservação das tartarugas.
Proteger essas belas criaturas pode ser uma experiência transformadora. Nossa equipe está ansiosa para recebê-lo e guiá-lo nessa jornada incrível!
Junte-se a nós este ano!
Adote uma tartaruga marinha em Cabo Verde
Adotar uma tartaruga marinha é uma das formas mais significativas de apoiar o trabalho do Projeto Biodiversidade em Sal, Cabo Verde! Sua doação permitirá que você adote um filhote para você ou para alguém querido, simbolicamente.
Você poderá escolher o nome e a data de nascimento da sua tartaruga (data de nascimento). Enviaremos um e-mail com a foto dela e seu certificado de adoção oficial personalizado, que você pode ver aqui! É um lindo presente para amigos e familiares que, com certeza, fará a diferença!
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